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Senadora Gleisi Hoffmann e ex-ministro Paulo Bernardo são denunciados ao Supremo Tribunal Federal

Casal é acusado de corrupção e lavagem. (Foto: Reprodução)

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, denunciou ao STF (Supremo Tribunal Federal), em um dos processos da Operação Lava-Jato, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), o marido dela, o ex-ministro do Planejamento e das Comunicações Paulo Bernardo, e o empresário Ernesto Kugler, ligado ao casal.

Os três são acusados de corrupção passiva e lavagem de dinheiro por suposto recebimento de valores desviados da Petrobras para a campanha de Gleisi ao Senado em 2010. Janot afirma na denúncia que delações premiadas da Lava-Jato e provas obtidas a partir delas apontam indícios suficientes do envolvimento do trio em atos de corrupção.

Senadora de primeiro mandato, Gleisi é uma das principais defensoras da presidenta Dilma Rousseff no Congresso Nacional. A petista chegou a chefiar a Casa Civil no primeiro mandato de Dilma, mas deixou o primeiro escalão para concorrer ao governo do Paraná, em 2014. Ela acabou na terceira colocação da disputa eleitoral. Atualmente, a parlamentar paranaense integra a comissão especial do impeachment no Senado.

Ex-deputado federal pelo Paraná, Bernardo comandou o Ministério do Planejamento na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2011, quando Dilma sucedeu Lula no Palácio do Planalto, Bernardo permaneceu no governo, mas trocou de pasta, transferindo-se para o Ministério das Comunicações. Ele deixou a Esplanada dos Ministérios somente ao final do primeiro mandato de Dilma.

Relator dos processos da Lava-Jato no STF, o ministro Teori Zavascki terá de submeter a denúncia da Procuradoria-Geral da República à análise da Segunda Turma do tribunal, composta por cinco magistrados.

Se os ministros decidirem receber a denúncia, Gleisi e Bernardo vão virar réus na ação penal. O caso está tramitando no Supremo porque Gleisi tem foro privilegiado por ser senadora.

Se Gleisi, Bernardo e Kugler se tornarem réus, terá início, então, a fase de coleta de provas e testemunhos. Só depois de concluída a etapa de instrução e produção de provas é que o Supremo julgará se eles serão condenados ou absolvidos.

A acusação.

Segundo o Ministério Público, Gleisi é acusada de receber 1 milhão de reais em propina do esquema de corrupção que atuava na Petrobras. A senadora petista foi citada nas delações premiadas do doleiro Alberto Yousseff e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa.

De acordo com os relatos dos dois delatores, houve pagamento indevido de 1 milhão de reais para a campanha de Gleisi ao Senado, em 2010. Yousseff e Costa afirmam que o dinheiro foi repassado a pedido de Bernardo, que, à época, estava à frente do Ministério do Planejamento.

O doleiro contou aos procuradores da República que o pedido de recursos foi feito por Kugler. O empresário nega ter atuado na campanha da senadora.

Antonio Carlos Pieruccini, um novo delator da Lava-Jato, disse que transportou a propina para Gleisi, em dinheiro em espécie, de São Paulo para Curitiba em quatro viagens. Ele afirmou que entregou o dinheiro para Kugler.

Indiciamento.
No fim de março, Gleisi e o marido dela foram indiciados pela PF (Polícia Federal) por corrupção passiva. O indiciamento consiste em uma conclusão do delegado de polícia acerca das suspeitas sobre um investigado e, em geral, precede a formulação de denúncia pelo Ministério Público, que pode ou não concordar com as conclusões da PF.

A investigação da PF concluiu que há indícios suficientes de que a campanha da petista ao Senado recebeu 1 milhão de reais em recursos desviados da Petrobras.

O indiciamento da senadora do PT, entretanto, é alvo de questionamento porque o STF decidiu, em 2006, que parlamentares não podem ser indiciados pela polícia. Em abril, o procurador-geral da República chegou a enviar parecer ao tribunal contestando o indiciamento de Gleisi pela PF. Para o chefe do Ministério Público, os inquéritos criminais que tramitam na Suprema Corte envolvendo autoridades públicas não podem ser objeto de indiciamento. (AG)