Para o professor de filosofia da Unicamp, Marcos Nobre, ‘submeter Dilma Rousseff ao impeachment não é garantia automática de estabilização. Pelo contrário, se a Lava-Jato continuar na mesma trilha, o fato de o processo de impeachment ser dirigido por figuras diretamente atingidas pela operação tem boas chances de aumentar ainda mais a desorganização do sistema político’; "O impeachment pode resultar em mais um fracassado acordão de cúpula, que corre o alto risco de durar o tempo de um vazamento de delações premiadas já à disposição da Lava-Jato", diz; segundo ele, o que está em jogo é avaliar se o mesmo vai acontecer com Michel Temer caso o processo prospere
14 de Março de 2016 às 06:49
247 – Para o professor de filosofia da Unicamp, Marcos Nobre, ‘submeter Dilma Rousseff ao impeachment não é garantia automática de estabilização’.
“Pelo contrário, se a Lava-Jato continuar na mesma trilha, o fato de o processo de impeachment ser dirigido por figuras diretamente atingidas pela operação tem boas chances de aumentar ainda mais a desorganização do sistema político. Sem contar que não vai ser tarefa evidente conseguir combinar com os mais diferentes tipos de russos que estão nas ruas. O impeachment pode resultar em mais um fracassado acordão de cúpula, que corre o alto risco de durar o tempo de um vazamento de delações premiadas já à disposição da Lava-Jato”, diz.
Ele ressalta que, o que está em jogo no impeachment é avaliar se o mesmo vai acontecer com Michel Temer caso o processo prospere: “A questão é saber se Michel Temer passará ou não à condição de alvo privilegiado da Lava-Jato, se será visto pela força-tarefa como ameaça existencial à operação no caso de vir a assumir a presidência. Pelo histórico até aqui, a chance de que isso aconteça é alta. E é isso também o que leva outra figura chave do momento atual, Renan Calheiros, a ver o impeachment com grande desconfiança”, conclui (leia aqui).