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‘Indicação de Dimas por Aécio quase rachou o PT’

Deputado estadual Rogério Correia conta ao 247 que era líder da bancada do PT em Minas quando o senador Aécio Neves (PSDB-MG) indicou o nome de Dimas Toledo para a diretoria de Furnas, o que, segundo ele, quase causou um racha no partido no Estado; "Eu fui um dos que me revoltei", afirma, sobre o fato de o governo Lula, à época, ter acatado a indicação de um tucano em detrimento do PT; acusado de coordenar um esquema de propina na estatal, Aécio nega as acusações argumentando que não poderia ter influência para indicar alguém em um governo petista; "Seria como se o técnico do São Paulo escalasse o time do Corinthians", disse; Correia rebate: "Ele nunca foi técnico de um time só, sempre vestiu duas camisas"; o petista, que já foi à PGR mais de uma vez levar documentos contra Aécio, diz que "não falta nada" para se abrir uma investigação e que se o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não apurar as denúncias de Furnas, estará cometendo "um pecado"

6 de Fevereiro de 2016 às 19:37

Gisele Federicce, 247 – A indicação do nome de Dimas Toledo para a diretoria de Furnas pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), logo após as eleições de 2002, quando Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito presidente, quase causou um racha no PT, contou ao 247 o deputado estadual Rogério Correia (PT-MG), que à época era líder da bancada do partido em Minas.

Aécio nega a indicação sob o argumento de que não teria como ter influência para apresentar nomes em um governo petista, uma vez que fazia parte da oposição. Seria como se "o técnico do São Paulo escalasse o time do Corinthians", disse o tucano em um vídeo postado no Facebook na última semana, em que anunciou que processaria o lobista Fernando Moura, que o acusou de coordenar um esquema de propina na estatal em delação premiada na Lava Jato.

"Ora, ele nunca foi técnico de um time só, sempre vestiu duas camisas", rebateu Rogério Correia, confirmando que o senador teria, sim, influência para indicar o diretor de Furnas. Segundo o petista, a aceitação, pelo governo, do nome de um tucano em detrimento do PT quase causou um racha na legenda estadual. Correia lembra do movimento "Lulécio", de 2006, e diz que foi um dos que "mais se revoltou".

"O PT do sul de Minas ficou indignado. Isso é segredo de polichinelo em Minas", acrescentou o deputado em referência à indicação de Toledo por Aécio. "Ele é muito cara de pau de dizer que não foi ele", afirma. Aécio foi acusado pelo lobista Fernando Moura de receber um terço do montante de toda a propina que corria no esquema de Furnas – outro terço iria para o PSDB nacional e outro, para o de São Paulo.

O deputado do PT, que já foi por mais de uma vez à Procuradoria Geral da República levar documentos que segundo ele comprovam o esquema de Furnas e o envolvimento de Aécio, diz que "não falta absolutamente nada" para se começar a investigar o caso. "Eu até estou dizendo que se não se investigar Furnas, é pecado. O Aécio nem rezando um terço ele sai dessa. Porque tem toda a documentação necessária para isso", afirmou.

De acordo com o petista, Furnas "já foi comprovada de diversas formas, sendo uma delas através da lista, que foi periciada". "Um jornalista quase morreu, eu quase tive o mandato cassado, mas a lista foi examinada pela perícia da polícia e deu como autêntica. Só isso já era mais do que suficiente", defende.

Antes da divulgação da lista citada por Correia, o deputado lembra que a procuradora da República no Rio Andrea Bayão Ferreira já havia feito uma investigação e concluído que havia propina na estatal. Em 2012, ela denunciou Dimas Toledo, então ex-diretor de Planejamento, e um grupo de políticos e empresários acusados de participarem do esquema de recebimento de propina – os nomes da lista.

Depois, destaca o deputado, o doleiro Alberto Youssef faz a denúncia de que Aécio recebia uma mesada de R$ 100 mil vinculada à empresa Bauruense, subcontratada de Furnas. E agora a nova revelação do delator Fernando Moura, dizendo que o senador ficaria com um terço do dinheiro. Para o tucano, a inclusão de seu nome na investigação é uma forma de envolver a oposição e seu partido, o PSDB, no escândalo da Petrobras. Correia rebate o argumento usado por Aécio, sustentando que "antes de petrolão" ele "já denunciava Furnas".

"O crime é antes do petrolão. O problema é que nunca ninguém quis apurar", afirma. Segundo ele, o senador conseguiu "fugir" de investigação até agora porque "comprou a imprensa" em Minas e chegou a "mandar cassar mandatos". Sobre a informação de que Aécio irá processar Fernando Moura, o deputado provoca: "Por que ele nunca processou o Dimas Toledo? Porque é bandido dele".