Curta espanhol Mi Ojo Derecho, com três premiações, A Pequena Vendedora de Fósforos, S2 e Chacal: Proibido fazer poesia, também tiveram destaque
O 2º Festival de Cinema de Três Passos conheceu seus vencedores na noite deste sábado (14/11), em uma cerimônia que reuniu diretores, equipes de produção de alguns dos curtas concorrentes, organizadores e público em geral.
Após três dias de intensas atividades, com 62 filmes curta-metragem concorrendo na mostra competitiva, além de 32 filmes sendo exibidos na mostra não competitiva, a noite foi de festa e emoção para todos que estiveram participando de mais uma edição do principal evento cultural da cidade.
17 categorias conheceram seus vencedores, além de quatro menções honrosas escolhidas pelo júri técnico.
Destaque para o filme O Canto da Lona, um documentário dirigido por Thiago Mendonça, de São Paulo, que conquistou os prêmios de melhor curta do festival e melhor documentário, escolhido pelo júri técnico.
Também merecem um destaque especial o filme Mi Ojo Derecho, do diretor Josecho de Linares, produzido na Cataluña (Espanha), que recebeu os prêmios de melhor curta de ficção, melhor direção de arte e melhor roteiro.
O melhor curta de animação ficou no Rio Grande do Sul. O prêmio foi para o filme A Pequena Vendedora de Fósforos, com direção de Kyoko Yamashita, uma das diretoras presentes ao festival.
O prêmio de melhor curta do júri popular ficou para o filme S2, com direção de Bruno Bini e produzido no Mato Grosso. Foi o curta que recebeu o maior número de votos do público que participou do festival.
Como melhor curta Experimental foi escolhido Colônia Penal, oriundo de São Paulo e dirigido por Marco Escrivão. O melhor curta temática ambiental foi Kidchup, dirigido por Carolina Giannini Veirano e Guilherme Ghussn, de São Paulo.
O melhor curta temática ambiental água, foi para o documentário Garabi Panambi: A última batalha do Rio Uruguai, produzido no Rio Grande do Sul e dirigido por Vinicius Denadai Gomes.
O prêmio de melhor direção ficou para Guilherme Xavier Riveiro, diretor do curta Sobre Coragem, que também esteve presente ao longo do festival, e ficou bastante emocionado por ter recebido o prêmio, logo em uma das primeiras exibições do seu curta em festivais.
Como melhor ator, foi escolhido Osmar Silveira, do filme S2 e melhor atriz,Suzana Costa, por Noites Traiçoeiras.
Quem também recebeu muitos aplausos na noite de premiação foi Rodrigo Lopes de Barros, diretor do documentário Chacal: Proibido fazer poesia, que recebeu os prêmios de melhor edição e melhor trilha sonora original.
PREMIADOS
DESENHO DE SOM: Silêncios
DIREÇÃO DE ARTE: Victot Santacana, por Mi Ojo Derecho
EDIÇÃO: Rodrigo Lopes de Barros, por Chacal: Proibido fazer poesia
TRILHA SONORA ORIGINAL: João Pedro Garcia, por Chacal: Proibido fazer poesia
FOTOGRAFIA: Fernando Demello, por Atotô
ROTEIRO: Josecho de Linares, por Mi Ojo Derecho
ATRIZ: Suzana Costa, por Noites Traiçoeiras
ATOR: Osmal Silveira, por S2
DIREÇÃO: Guilherme Xavier Riveiro, por Sobre Coragem
TEMÁTICA AMBIENTAL ÁGUA: Garabi Panambi: A última batalha do Rio Uruguai
TEMÁTICA AMBIENTAL: Kidchup
EXPERIMENTAL: Colônia Penal
ANIMAÇÃO: A Pequena Vendedora de Fósforos
DOCUMENTÁRIO: O Canto da Lona
FICÇÃO: Mi Ojo Derecho
MELHOR CURTA JÚRI POPULAR: S2
MELHOR CURTA JÚRI TÉCNICO: O Canto da Lona
MENÇÕES HONROSAS
MEMÓRIA DE CINEMA: Pra ficar na história
DOCUMENTÁRIO URGENTE: Ameaçados
CONSTRUÇÃO DE PERSONAGENS: Pele 1 Real
FILME OCUPAÇÃO: O Muro é o Meio
SAIBA UM POUCO MAIS SOBRE ALGUNS DOS CURTAS PREMIADOS NO FESTIVAL
O CANTO DA LONA
O documentário “O Canto da Lona” aborda o cotidiano do circo a partir dos depoimentos de artistas que vivenciaram a realidade da família circense em apresentações país afora. O filme acompanha cinco antigos artistas do circo caipira paulista.
A produção revela diversas etapas da manifestação cultural, desde o momento em que se reúnem para a criação de uma pequena apresentação circense até o processo de ensaios e preparação, com suas dificuldades e conflitos.
Nesse percurso, o documentário resgata depoimentos e conversas dos integrantes. Eles rememoraram os processos de criação e produção nos circos paulistas vividos pelos participantes desde a década de 1930, especialmente no campo da criação musical.
Os artistas que participam do filme “O Canto da Lona” vivenciaram de modos diversos a história do circo no interior paulista em sua profunda relação com a cultura caipira. Cada um deles traz consigo um grande repertório cultural e artístico acumulado durante anos de vida e trabalho circense.
Embora, atualmente, alguns dos entrevistados estejam em residências fixas, são circenses de nascimento e têm a tradição familiar itinerante. Durante décadas os artistas viajaram pelo território nacional promovendo a alegria.
Dirigido por Thiago Mendonça, o documentário partilha da memória individual dos integrantes do grupo, privilegiando a dimensão subterrânea ou marginal da história do circo.
MI OJO DERECHO
Curta dirigido por Josecho de Linares, produzido no estado da Cataluña, na Espanha. Um filme emocionante.
Zurdo mantinha uma relação muito especial com sua avó, mas desde que foi estudar fora, foi perdendo o contato. No último dia do verão, Zurdo decide visita-la com a intenção de que possivelmente não voltará mais a vê-la.
A PEQUENA VENDEDORA DE FÓSFOROS
Ela é apenas uma criança lutando para sobreviver na selva de concreto. Nasceu indesejada, sobrevive de maneira infame e morrerá rejeitada pelo que é. Pobre, suja e sem instrução. Não se trata de crime e castigo, nem sobre vencedores e perdedores. E nem tampouco de vilões e sua pequena vítima. É sobre a natureza humana e sua fraqueza. É sobre todos nós. Esta versão moderna do clássico conto de Andersen mostra alguns males persistentes nas sociedades modernas em vias de desenvolvimento econômico: a infância negligenciada em meio à coexistência brutal de riqueza e pobreza.
S2
Na história, o personagem principal é Murilo, um roteirista que não consegue achar uma ideia para seu novo filme. Enquanto tenta escrever, tudo fica mais complicado ao descobrir uma traição da namorada.
“O curta fala um pouco de como as relações acontecem hoje em dia, com as possibilidades e os problemas que as redes sociais trazem”, diz Bruno Bini, que assina também o roteiro. “Ao mesmo tempo, o filme trata do processo de criação de um roteiro, enquanto acompanhamos Murilo e sua luta para escrever.”
O curta foi filmado todo em Cuiabá e contou com uma equipe composta quase que completamente por profissionais locais. “Isso reflete bem o amadurecimento do mercado local”, diz Bini. "Em meu primeiro filme, praticamente metade da equipe técnica era de fora. Já em S2, apenas o técnico de som veio de Brasília por conta de uma emergência”, afirma. Além disso, a maior parte da trilha sonora é composta por músicas de artistas locais, como Theo Charbel, Strauss, Rirous e Billy Brown e o Incrível Magro de Bigodes.
CHACAL: PROIBIDO FAZER POESIA
Chacal: Proibido Fazer Poesia (2015), direção de Rodrigo Lopes de Barros e coprodução de Guilherme Trielli Ribeiro) é uma transcriação alegórica das memórias e da interpretação da cultura brasileira que o poeta Chacal realizou na Universidade Harvard, em abril de 2014. O filme oferece uma revisão de poemas, apresentações, performances, oficinas, conversas e vivências, que tiveram lugar durante sua passagem pelo renomada universidade.
O documentário se funda no intercâmbio entre seus realizadores e o poeta que então dedicou-se à reflexão sobre seu próprio itinerário artístico, desde sua estreia no livro mimeografado Muito prazer, Ricardo (1971) aos dias de hoje – passando pela icônica reunião de sua poesia em Belvedere (2007) e pela publicação da autobiografia e testemunho cultural Uma história à margem (2010). Abrange, portanto, nada menos do que quatro décadas e meia de poesia, cujas tensões emanam tanto de um minucioso trabalho com a linguagem poética quanto de uma observação atenta da experiência histórica brasileira e Ocidental.
Realizado parcialmente em Super 8, o filme mira no intuito de conferir às imagens a alta-tensão do diálogo entre a câmera e as letras e vocais elétrikos de Chacal – que se proclama a reencarnação psicodélica de Oswald de Andrade –, cujos poemas contraculturais arrojados, crivados de beats e ritmos da Tropicália, de lúcida emoção e ironia ácida, discutem, antropofagicamente, o seu desafio estético e político: “todo poeta é um traficante de armas”.(Vinicius Araujo)
Kyoko Yamashita, diretora do curta A Pequena Vendedora de Fósforos, que recebeu o prêmio de melhor animação.
Guilherme Xavier Ribeiro (E), premiado pela melhor direção, com o curta Sobre Coragem, ao lado de Rodrigo Lopes de Barros, do filme Chacal: Proibido fazer poesia, que recebeu duas premiações: melhor edição e melhor trilha sonora original

