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CUT volta às ruas contra projeto da terceirização

No dia em que o Congresso deve se reunir para discutir os detalhes do PL 4330, central sindical convoca manifestações em diversas cidades de todo o País; nesta quarta-feira (21) devem ser votados destaques polêmicos do projeto, como a responsabilidade solidária e o enquadramento sindical; um dos artigos da lei determina que, quando o contrato de terceirização se der entre empresas da mesma categoria econômica, os empregados da contratada envolvidos serão representados pelo mesmo sindicato dos da contratante

 

21 de Abril de 2015 às 18:28

247 – A Central Ùnica dos Trabalhadores (CUT) volta às ruas nesta quarta-feira (21) para realizar mais atos contra o Projeto de Lei 4330, que amplia a terceirização e, segundo a central, a precarização do trabalho no Brasil. Parlamentares se reunem para analisar os destaques do projeto, cuja votação foi interrompida em razão da repercussão do Dia Nacional de Paralisação Contra o Projeto de Lei 4330, que a CUT promoveu em conjunto com a CTB, o MST, MTST, UNE e outros movimentos sociais em todo o País.

Em Brasília, sindicalistas e militantes de todo o Brasil estarão em frente ao Anexo 2 da Câmara dos Deputados a partir das 15h. Antes, a partir das 6h, sindicalistas vão recepcionar os deputados que queiram se somar à marcha. Todos serão alertados que, ao votar a favor do PL 4330, projeto que já está sendo chamado até por juízes como PL da Escravidão, terão seus nomes e suas imagens divulgadas em seus distritos eleitorais, nos bairros onde moram, perto das escolas onde estudam seus filhos, na frente do local de trabalho de suas esposas e em frente a casa de seus pais como "inimigos da classe trabalhadora".

Em Recife, Salvador, Fortaleza e outras capitais, sindicalistas e militantes estarão nos saguões dos aeroporto, a partir das 5h, com cartazes e fotos dos "inimigos da classe trabalhadora" já identificados, que não voltaram atrás e dizem que vão votar favoravelmente ao empresários.Haverá ainda panfletagens e discursos em locais de grande circulação de trabalhadores para alertar a todos sobre o risco de acabar com as garantias da CLT que este projeto de lei representa.

Em São Paulo, os bancários farão panfletagem na Praça do Patriarca, a partir do meio dia.

Pontos polêmicos

Nesta quarta serão votadas as  emendas sobre os artigos mais polêmicos do projeto, de autoria do empresário e ex-deputado Sandro Mabel, como a terceirização na atividade-fim, hoje proibida no Brasil. A CUT e o Judiciário trabalhista entendem que, se aprovada, a medida abrirá brechas para que as empresas possam substituir trabalhadores contratados diretamente por terceirizados com a redução de salários e benefícios. Há uma emenda do PT para impedir esse modelo de relação trabalhista.

Outro item é a responsabilidade solidária. O texto do PL 4330 determina que, em caso de calotes das terceirizadas, coisa muito comum no Brasil – trabalhadores ficam na mão porque empresas fecham e os donos desaparecem sem pagar salários atrasados, sem quitar débitos do INSS e do FGTS, entre outros –  a empresa tomadora de serviço somente arcará com as dívidas trabalhistas se comprovada a ausência de fiscalização. Com isso, o trabalhador somente acionaria a companhia principal após esgotados todos os recursos de cobrança contra a terceirizada.

A Central cobra que a responsabilidade seja solidária para que a cobrança possa ser feita diretamente à empresa principal e o PCdoB apresentou emenda nesse sentido.

Outra questão polêmica é o enquadramento sindical. Um dos artigos da lei determina que, quando o contrato de terceirização se der entre empresas da mesma categoria econômica, os empregados da contratada envolvidos serão representados pelo mesmo sindicato dos da contratante.

Porém, em diversos casos a empresa especializada não é da mesma atividade econômica. Por exemplo, uma metalúrgica não contratará necessariamente outra metalúrgica para fazer determinado serviço terceirizado, abrindo a possibilidade de uma fragmentação da representação sindical dentro do ambiente de trabalho e diminuindo o poder de negociação dos trabalhadores.

Para a CUT, a representação sindical deve considerar sempre a atividade essencial da empresa tomadora de serviço. A Central é contrária também a qualquer forma de subcontratação (permissão para que a terceirizada contrate outra empresa num processo de quarteirização) e de “pejotização”, a transformação do trabalhador em pessoa jurídica (PJ), sem carteira assinada e direitos trabalhistas. O ponto conta com uma emenda do PT para impedir esse modelo de contratação.

Alguns poucos mecanismos de barreira, como a permissão de contratar o mesmo funcionário no modelo apenas após 24 meses, têm encontrado resistência. A extensão da terceirização para o trabalhador rural pode ainda dificultar a fiscalização das condições do trabalho e, conforme defendem entidades como a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho, pode colocar em xeque a PEC do Trabalho Escravo.

O PSDB também apresentou emendas por isonomia de direitos entre terceirizados e contratados diretos e para que sejam consideradas a soma entre trabalhadores direitos e terceiros no cumprimento da lei de cotas para contratação de trabalhadores com deficiência.

Caso esse ponto não seja aprovado e o PL 4330 aprovado como está, as empresas poderão burlar a atual legislação.