Jaqueline Silveira
O prefeito da Capital, José Fortunati, convocou uma entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (18) para apresentar os indicadores obtidos pela administração em 2014, entretanto o assunto mais abordado foi o seu afastamento do PDT. Descontente com a posição da bancada do seu partido que ajudou a derrubar os vetos da prefeitura na sessão da Câmara última segunda-feira (16), Fortunati anunciou, na terça-feira, que pediu licença do PDT até o final do seu mandato, em 31 de dezembro de 2016.
“Minha decisão só tem a ver com a gestão da prefeitura”, respondeu Fortunati, ao questionamento de que a licença teria sido motivada também por interesses eleitorais, pensando na sucessão do Piratini em 2018, quando poderá concorrer a governador. Ele reafirmou que o problema foi a posição dos parlamentares pedetistas nas votações. “Tenho dificuldades com a minha bancada”, admitiu ele, frisando que não falta diálogo do governo com a Câmara, já que semanalmente o vice-prefeito Sebastião Melo (PMDB) comparece à Casa em nome do Fortunati para tratar sobre as demandas do Legislativo. “Essa desculpa não existe”, argumentou o chefe do Executivo, insinuando que, com a proximidade do pleito de 2016 vereadores estariam “cuidando de seus interesses” e não no conjunto do governo.
Nesta quinta-feira (19), o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, estará em Porto Alegre para conversar com Fortunati e com os vereadores na tentativa de resolver o impasse. Contudo, o prefeito adiantou que sua decisão “é irrevogável”, independentemente do encontro com Lupi. “Não volto atrás nem com a presença do presidente Carlos Lupi, nem com a presença do Papa Francisco, que não virá a Porto Alegre. Naturalmente, nem se ele viesse”, brincou Fortunati. Desde que anunciou a licença, o prefeito disse que recebeu muitos convites de outras siglas – exceto os partidos com os quais tem divergências -, e que “todos foram descartados”. “O leque de convites é muito grande”, completou ele, que só aceitará conversar com os partidos a partir de 1º de janeiro de 2017.
Metas cumpridas em 2014
Os indicadores sobre o cumprimento de metas divulgados nesta quarta-feira fizeram parte do Seminário de Governo, realizado no Grêmio Náutico, e que teve como uma das pautas o modelo de gestão implantado há anos pela prefeitura com base no Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade (PGQP). Das 262 metas previstas para 2014, 185 foram atingidas integralmente e 56 parcialmente. Em contrapartida, 21 não foram alcançadas. “Os indicadores de 2014 são extremamente positivos em relação a 2013. Só 21 (metas) ficaram abaixo de 50%, ou seja, receberam cartão vermelho e serão repensadas”, avaliou Fortunati, acrescentando que no total 92% das metas foram atingidas, seja de forma integral ou parcial.
Algumas das metas não cumpridas, segundo Fortunati, esbarram em problemas externos e citou como exemplo a duplicação dos contêineres, previsto para alcançar 2, 4 mil unidades em 2014, o que não ocorreu devido ao impasse judicial gerado pela empresa que ficou em segundo lugar na licitação e a contestou na Justiça. Também a entrega de 1.052 unidades do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, conforme o chefe do Executivo, não se concretizou por um empecilho externo, já que a prefeitura teve dificuldades para “conseguir as empresas para fazer os apartamentos”.
Na empresa pública Carris, das sete metas previstas, três foram atingidas integralmente e quatro parcialmente. A Carris não conseguiu, por exemplo, alcançar o índice de 92,7% de pontualidade das viagens – o indicador ficou em 86,3%. Também só foi cumprida em parte a redução do déficit estabelecida em menos R$ 36 milhões e atingida em menos R$ 48,5 milhões.
Indicadores finais de 2014 apresentados pela prefeitura
Eixos Metas integralmente parcialmente não atingida
Ambiência 103 70 25 8
Social 93 69 19 5
Gestão 66 46 12 8
Total 262 185 56 21
