O ELEITOR INTELIGENTE
O eleitor inteligente sabe que não deve abster-se de votar ou anular seu voto. Ele sabe que, dessa forma, estará elegendo os piores candidatos. O eleitor inteligente sabe, também, que deve votar naquele que lhe parece ser o mais sincero, o mais competente, aquele que lhe parece mais voltado para as boas causas, que seja capaz de lutar pelo que realmente interessa ou beneficia o povo. Aliás, o eleitor inteligente já vem, por muito tempo, fazendo isso, escolhendo, votando …e se frustrando. As dificuldades já começam antes da eleição. O período eleitoral torna-se propício à prática das grandes jogadas. Como exemplo essa que começou com o Poder Judiciário, plantando, inocentemente, no noticiário, reivindicações como um aumento exagerado nos subsídios, um auxílio moradia e outros pedidos mais. Como isso ocorre sempre em período pré-eleitoral, ninguém sequer contesta a sua inoportunidade. O Poder Legislativo, os Tribunais de Contas, da União ou dos Estados, o Ministério Público, as Defensorias Públicas, irão todos se beneficiar do efeito dominó, do efeito cascata, que esses aumentos acarretam. Um aumento de despesas ao erário federal e ao erário estadual para o qual sempre arranjam cobertura. Um privilégio do “andar de cima”. Lembram-se do tempo em que esse pessoal recebia seus salários recheados de pinduricalhos? Era preciso acabar com isso. Lembram-se quando os salários não tinham limites e que precisavam de um teto? Era preciso dar um jeito nisso. E deram. Fixaram um subsídio que cobria todos aqueles pinduricalhos. Fixaram também um teto que daria um fim naqueles exageros. Tais medidas foram muito festejadas pelo povo que sentiu-se um pouco menos otário. Mas foi bom enquanto durou. Ou nem durou. Novos pinduricalhos foram sendo criados, somente que agora isentos de imposto de renda, e o teto continuou estourando. Aparelhos auditivos para os idosos e outras próteses não podem ser abatidos pelo imposto de renda. Imagina- se até que aqueles malandros recebam devolução. O teto foi para as cucúias, de tal forma que, quem recebe menos de Cinquenta mil, acha-se explorado. O eleitor inteligente deve continuar votando, pois, de outra forma estará elegendo os maus políticos. Mas não se sentirá menos frustrado. Outro exemplo é o custo das campanhas. Nem um eleitor de sã consciência consegue entender como isso pode acontecer. Como alguém gasta mais do que vai receber durante toda a legislatura, durante toda a sua gestão? Existe alguma explicação plausível? Algumas empresas que financiam as campanhas elegem verdadeiras bancadas. Gratuitamente? Apenas por simpatia? O eleitor inteligente sabe que deve continuar votando, pois do contrário estará elegendo maus políticos. Mas continuará frustrado. Outra dúvida que paira no ar. O novo governo, em face do maior número de partidos com representação no Congresso, com seis ou sete bancadas de um só deputado, irá criar novos Ministérios além dos trinta e nove já existentes para negociar suas participações na base aliada? Tomara que não. Os partidos já criados passam de trinta e falam que a expectativa é de que logo, logo, cheguem aos sessenta. Isso tem cabimento? Mas os eleitores inteligentes devem continuar votando, pois, do contrário, estarão elegendo maus políticos. Mas será que contibuarão frustrados? Ou será que o eleitor inteligente deve acreditar que haverá, realmente, no Congresso uma renovação para melhor em 2015? Wilmar Rodrigues de Almeida – advogado.