Presidente eleita do Cpers disse em entrevista coletiva que” as greves nascerão do chão das escolas”| Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Jaqueline Silveira e Samir Oliveira
A professora Helenir Oliveira, da Escola Ernesto Dornelles, de Porto Alegre, foi eleita em primeiro turno para comandar o Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (Cpers). De oposição à atual gestão do sindicato, a representante da Chapa 2 recebeu 38,3% dos votos válidos, somando mais de 13 mil. O resultado foi divulgado na tarde desta sexta-feira (13) e logo em seguida, a professora Helenir concedeu sua primeira coletiva como presidente da entidade. O mandato é de três anos e a posse deverá ocorrer no mês de agosto.
Em segundo lugar, ficou a Chapa 1, da atual presidente do Cpers, Rejane Oliveira, com 35%. Ela tentava seu terceiro mandato à frente da entidade. A Chapa 3, que tinha como candidata Neida Oliveira, recebeu 22% dos votos, e a Chapa 4, da professora Katiana Pinto dos Santos, 4%. Pelo estatuto do Cpers, só ocorreria segundo turno no caso de nenhuma das chapas ultrapassar o percentual de 35% dos votos.
Conforme o presidente da Comissão Eleitoral, Marcos Sozo, o atraso no anúncio do resultado ocorreu devido à demora na chegada de algumas urnas de municípios do Norte do Estado, localizados na divisa de Santa Catarina, por causa do mau tempo. Também ocorreu atraso em São José Norte, na Região Sul, uma vez que a quinta-feira (12) era feriado no município e, além disso, as urnas tiveram de ser transportada de barco ou lancha até Rio Grande.
A eleição ocorreu nos dias 10 e 12 de junho. Estavam aptos a votar 81.519 professores dos 42 núcleos de diferentes regiões do Estado, mas participaram do processo eleitoral cerca de 35 mil professores.
“As greves que acontecerão nascerão do chão da escola”, diz Helenir
Presidente eleita do Cpers, Helenir Oliveira afirma que, nos últimos seis anos, a greve foi um instrumento banalizado pela direção do sindicato e utilizado como forma de promover disputas político-partidárias com o governo do estado. Ela assegura que, em seu mandato, a paralisação não terá este viés. “É óbvio que a categoria vai se retraindo quando se chama greves e tudo o que acumula no final são dias a recuperar. Minha combatividade será reconhecida pela categoria pelos avanços que conseguiremos. As greves que acontecerão nascerão do chão da escola”, defendeu.
Filiada ao PT e apoiada por professores ligados ao PTB, ao PDT, ao PSB e ao PCdoB, Helenir enfrentou acusações das outras chapas, que diziam que ela estaria a serviço do governo Tarso Genro (PT). Ela rebate as críticas dizendo que não irá se alinhar nem fazer “oposição pela oposição” ao Palácio Piratini, seja qual for seu governante em 2015.
“Sou sindicalista há 32 anos, muito antes de ser filiada ao PT. Eu não rasgo a minha história fácil. Tenho muito orgulho de pertencer a esse sindicato. Tenho muito orgulho da minha história e jamais me prestaria a esse papel de fazer a disputa ou a defesa do governo”, argumenta, acrescentando que irá representar professores de todos os partidos políticos e sem ligações partidárias.
Helenir entende que, para que o governo estadual possa cumprir a lei e pagar o piso do magistério, será preciso carimbar os recursos dos royalties do petróleo e do Plano Nacional da Educação (PNE) para este fim. E informa que, após assumir a presidência do Cpers, irá solicitar uma reunião com o governador. “Temos uma lei no estado que não é cumprida. Nossa postura será de diálogo e negociação. Queremos que o governo nos respeite e nos receba. E que quem nos receba seja o governador”, ponderou.
Rejane diz que resultado das eleições é legítimo, mas acusa governo de ter interferido no processo
A presidente atual do Cpers, Rejane Oliveira, avaliou que a eleição foi um processo democrático e o resultado da chapa 2 “é legítimo”. Ela destacou a disputa acirrada entre a sua candidatura e a da professora Helenir, atribuindo parte da vitória da sua concorrente ao apoio que, segundo ela, teria recebido do governo do Estado.
“Pela primeira vez, um governo interfere nas eleições do Cpers”, afirmou ela. Mas também atribuiu sua derrota ao fato de a própria direção do sindicato ter se dividido em uma segunda chapa. Na opinião da professora, as quatro chapas devem continuar militando no sindicato. Ela prometeu fiscalizar a futura gestão para que “os direitos dos trabalhadores não sejam atacados”.
Composição da Chapa 2
A chapa 2 é composta por professores das correntes Articulação Sindical, Articulação de Esquerda Sindical e da CSD, que têm militantes petistas. Também, segundo a nova presidente do Cpers, há integrantes da CTB – além da CUT -, que é formada pelo PCdoB e PSB, do PDT e PTB. Segundo Helenir, um percentual de pouco mais de 30% da chapa estadual não tem vinculação partidária.
Presidente: Helenir Aguiar Oliveira
1º Vice-presidente: Solange da Silva Carvalho
2º Vice-presidente: Luiz Veronezi
Secretário Geral: Edson Rodrigues Garcia
Tesoureiro Geral: Ida Irma Dettmer
Diretores(as): Alda Maria Bastos Souza, Ananda de Carvalho, Antônio João Ferreira de Lima, Cássio Ricardo Ritter, Ênio Manica, Glaci Weber Medeiros, Íris de Carvalho, Mauro João Calliari, Rosane Teresinha Zan, Sônia Solange dos Santos Viana