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Projeto da dívida será votado em fevereiro

Projeto da dívida será votado em fevereiro

Acordo para aprovar revisão do indexador do débito dos estados prevê apreciação no Senado na volta do recesso

Guilherme Kolling/jc

Líderes do Senado e o governo federal acertaram um acordo para votar em plenário o projeto de lei complementar que reduz encargos da dívida dos estados e municípios com a União. A apreciação da matéria ocorrerá na primeira semana de fevereiro de 2014, logo após o recesso parlamentar.

O acerto ocorreu na quarta-feira passada, quando a matéria passou pelas comissões de Constituição e Justiça (CCJ) e de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. As informações são do governador Tarso Genro (PT), que recebeu ofício do senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), com um relato da negociação.

“É uma correspondência do relator da matéria, senador Luiz Henrique, dizendo que houve uma reunião de todas as forças políticas, inclusive com o governo, e que eles acertaram definitivamente a votação para a primeira semana de fevereiro”, revelou Tarso, em entrevista exclusiva ao Jornal do Comércio.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, voltou a se pronunciar sobre o tema na semana passada, pregando cautela e afirmando que o momento não era oportuno para encaminhar o assunto. “Nós gostaríamos que isso fosse prorrogado para um outro momento, porque agora não poderemos deixar dúvidas de que estamos perseguindo um resultado primário maior com os estados e municípios”.

Como parlamentares do Congresso, governadores e prefeitos insistiam na aprovação, a solução foi encaminhar a matéria para o início de 2014, mas logo no início, de forma que não seja contaminada pelo período eleitoral do próximo ano, e sem afetar as contas do governo federal de 2013.

Com isso, o texto deve entrar em vigor no primeiro semestre de 2014. Falta apenas a apreciação dos senadores em plenário – a proposta já foi aprovada na Câmara dos Deputados e nas comissões do Senado. 

A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti (PT), representou o governo no acordo com os presidentes da CAE, senador Lindberg Farias (PT-RJ), da CCJ, Vital do Rêgo (PMDB-PB), e com os líderes do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE), e no Senado, Eduardo Braga (PMDB-RJ). 

As dívidas dos estados e dos municípios são corrigidas com base no IGP-DI, índice de inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), mais 6%, 7,5% ou 9% ao ano conforme o contrato. Pela proposta, o indexador passará a ser a Selic – taxa básica de juros da economia – ou o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% ao ano, prevalecendo o menor valor.

“Se esse acordo for cumprido, e acho que será cumprido, porque eles querem jogar os efeitos dessa decisão para o orçamento do ano que vem, a nossa vitória em relação à dívida continua integral. Demonstra que há efetivamente um acordo nacional para essa votação, o que confirma nossa tese de que esse é o primeiro passo para uma reestruturação completa da nossa dívida”, avalia Tarso.

A matéria é de extrema importância para o Rio Grande do Sul, cuja dívida com a União supera R$ 42 bilhões. Se o texto passar, o Estado terá um novo espaço fiscal para contrair empréstimos – estratégia do governo Tarso para financiar investimentos.

O governador projeta que, nos próximos quatro anos, serão pelo menos R$ 5 bilhões em novas operações de crédito. “Certamente há uma parte para o metrô de Porto Alegre, compromisso que assumimos com a prefeitura a pedido da presidenta”, adiantou.

Tarso Genro atrela candidatura à reestruturação do passivo estadual

O governador Tarso Genro (PT) ainda não confirma que será candidato à reeleição. Mas revelou que o anúncio oficial deve ser feito em fevereiro, após a votação do projeto que altera o indexador da dívida com a União. Tarso inclusive atrela a disputa da eleição à reestruturação dos débitos do Estado. 

“Se eu sair candidato, será em fevereiro, porque um dos elementos importantes para definir nosso candidato é a aprovação do PLC (projeto de lei complementar que altera o indexador da dívida de estados e municípios, reduzindo encargos), que vai orientar a forma como o Estado vai se desenvolver daqui para diante. Se esse PLC não for aprovado, vamos ter que reorganizar o nosso programa para o próximo período.” O petista disse ainda que, se o projeto não passar, a coalizão do governo terá que inclusive avaliar se ele é o candidato adequado. “Não é que eu não queira ser. Não tenho desejo pessoal de ser candidato. Considero uma obrigação política com a sociedade e com o partido. Se esse PLC não for aprovado – acho que vai ser –, proporei ao partido que façamos uma discussão para ver se sou adequado ou não, porque estou organizando todo o meu programa de governo para o próximo período a partir da aprovação desse projeto.”

Tarso adiantou sua estratégia: extinguir a dívida com a União até 2027 e preparar políticas de transição de 2014 a 2027, quando mudará o peso do endividamento. A ideia é buscar novos financiamentos e investir ao longo desse período. “A dívida vai baixar para um patamar irrisório. Parar tudo para pagar a dívida é um déficit zero contábil, mas é um déficit zero de desenvolvimento e distribuição de renda. Isso não aceitamos.”

Petista diz que apoio do PTB é melhor do que o do PSB

A aliança que levou Tarso Genro (PT) a vencer a eleição de 2010 em primeiro turno tinha o PSB e o PCdoB como principais aliados. Para 2014, projeta-se que o petista terá PTB e, de novo, o PCdoB como principais parceiros. E Tarso vê a mudança como uma vantagem para a disputa do próximo ano. “Nossa base eleitoral cresceu porque o PSB, embora seja um partido de muito respeito, do ponto de vista da densidade eleitoral, é menor do que o PTB. Então, estamos entrando em vantagem. Gostaria que o PSB estivesse conosco, mas isso não ocorreu em função das questões nacionais, motivos respeitáveis para eles se afastarem.”
O petista avalia, ainda, que o PTB tem maior proximidade até mesmo do ponto de vista programático. “O PTB mostrou maior afinidade conosco, porque vai apoiar a presidenta Dilma (Rousseff, PT) e mantém-se no governo a partir dessa afinidade. As divergências com o PSB se refletiram aqui no Estado, são divergências nacionais, divergências que o PTB não tem conosco.” Tarso entende que o seu “campo político” está em melhores condições em 2014 do que em 2010. “Porque demonstramos durante o governo que somos uma força política capaz de aplicar um programa de maneira coerente e cumprir com suas responsabilidades. Erros todos os governos cometem, mas a essência do nosso governo é visivelmente essa.” Até fevereiro, o governador trabalhará na reestruturação dos espaços dos aliados a partir da saída do PDT, além de buscar substitutos para quadros que vão disputar a eleição. Tarso acredita que o PT deve compartilhar os cargos majoritários da chapa – a vaga ao Senado para o PCdoB e o posto de vice-governador para o PTB.
O preferido de Tarso é o ex-senador Sérgio Zambiasi (PTB). “Sempre apoiou o Lula (PT) e apoia a Dilma, é um quadro político que reforçaria e daria densidade eleitoral para qualquer chapa. Mas não posso pedir ao Zambiasi que desconstitua a vida pessoal dele, que está planejada em função da profissão. Tenho que respeitar as opções pessoais. Se ele mudar a sua opção pessoal, obviamente vai comunicar isso ao seu partido, não para mim, e daí vai se colocar um novo patamar de negociação.”
O governador ainda acredita que a presidente Dilma irá subir no seu palanque no próximo ano e não no dos candidatos do PP (Ana Amélia Lemos) e do PMDB (José Ivo Sartori), partidos que, segundo Tarso, não apoiam a presidente no Estado. “A presidenta vai ter palanque com o candidato do seu partido, seja ele quem for. Essa coerência tem um pilar que foi colocado desde a campanha eleitoral, que é uma nova relação com o governo federal, que foi feita. PP e PMDB aqui não apoiam a presidenta Dilma. Então, é coerente que ela tenha um palanque com seu candidato, independentemente de tratar com respeito outros candidatos.”