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Teixeirinha, o Gaúcho Coração do Rio Grande!

Neste dia 4 de dezembro, há 28 anos, morria, vitimado por um câncer, o maior ídolo popular que o Rio Grande do Sul já viu. Vitor Mateus Teixeira, o Teixeirinha, vendeu milhões de discos, estrelou 12 filmes e deixou incontáveis fãs espalhados pelo Brasil afora.

 

Lis Aline Silveira
lis.aline@diariogaucho.com.br

Durante a maior parte de sua vida, duas mulheres dividiram o coração de Teixeirinha. Em 1956, quando morava em Santa Cruz do Sul, conheceu Zoraida, quatro anos mais jovem. Casaram-se um ano depois, e foi com ela que o músico ficou até a morte, em 1985. Tiveram quatro filhas: Margareth, Elizabeth, Fátima e Márcia. Porém, nos palcos e na estrada, sua parceira era Mari Terezinha, 20 anos mais jovem que ele.

Eles se encontraram pela primeira vez quando ela tinha 15 anos, em Bagé. Graças ao seu talento na gaita, foi convidada para apresentar-se com ele em um show. O sucesso foi tamanho, que a dupla manteve-se por 21 anos. Com Mari, Teixeirinha teve um casal de filhos, Alexandre e Liane.

Zoraida e Mari sabiam uma da outra e mantinham cordial distância. Se, na estrada, Teixeirinha era companheiro de Mari, tudo mudava na chegada a Porto Alegre. O músico nunca deixava de voltar para a casa que construiu no Bairro Glória, onde vivia com a mulher e as filhas.

Casa da Glória repleta de filhos

Foram, no total, nove filhos, com quatro mulheres diferentes. Com Ezi, que conheceu na época de funcionário do Daer, teve Victor Mateus Filho e Líria. Não chegaram a casar oficialmente, e, como ela não aceitava sua carreira artística, separaram-se. Com Zoraida, foram quatro filhas, e, com Mari, um casal. A mais velha de todos, porém, é Sirley, filha de uma namorada, só teve a paternidade reconhecida aos 15 anos.

Todos os nove filhos, em algum momento, moraram com ele e Zoraida na casa da Glória. Agregador, Teixeirinha gostava da casa cheia e, de certa forma, envolvia os filhos em suas atividades. Seus filmes, por exemplo, sempre tinham participações especiais de alguém da prole. Teixeirinha Filho e Alexandre, os únicos meninos, chegavam até a estrelar anúncios publicitários como filhos do cantor.

 

Festa de lançamento do filme "Motorista sem Limites"
(Lívia Stumpf/Agencia RBS)

Nas décadas de 1960 e 1970, Teixeirinha lançava discos, fazia programas de rádio e aparições esporádicas em tevês, mas os fãs queriam ainda mais.

O primeiro filme, Coração de Luto, foi lançado em 1967 para contar a verdadeira história da morte de sua mãe, Ledurina.

Com o sucesso do longa, estreou, em 1970, Motorista Sem Limites, o filme nacional de maior renda naquele ano. Foi quando Teixeirinha decidiu montar a sua própria produtora, que fez outros dez filmes, todos com bilheterias expressivas. Todos os filmes tiveram a história original escrita por ele.

Os filmes de Teixeirinha seguiam sempre a mesma fórmula: baseados em canções compostas pelo artista, que interpretava a ele mesmo. Situações cômicas, um pouco de pancadaria, números musicais e Mary Terezinha como a mocinha.

É só conversar com alguém mais próximo de Teixeirinha que, em algum momento, você descobre que ele também atuou em um dos filmes da Teixeirinha Produções Artísticas. Filhos, amigos, colegas de trabalho: todo mundo fazia uma pontinha, ou papéis maiores, nos seus filmes.

– Eu trabalhei em vários… Cita alguns aí… Acho que em todos estes que tu falaste – lembra o amigo e advogado de Teixeirinha, Nico Fagundes.

 

(Lívia Stumpf/Agencia RBS)
(Lívia Stumpf/Agencia RBS)

O primeiro e maior sucesso de Teixeirinha foi Coração de Luto, lançado em 1960. A música escrita em homenagem a sua mãe, Ledurina, morta em consequência de queimaduras quando ele tinha nove anos, teria vendido, em diferentes lançamentos, entre compactos, vinis e 78 rotações, cerca de 25 milhões de cópias.

Teixeirinha compôs hits que entraram para a história da música gaúcha. Só para citar alguns dos mais conhecidos, Querência Amada, Gaúcho de Passo Fundo, Tordilho Negro e Velho Casarão.

Calcula-se que, em toda a sua trajetória, foram mais de 120 milhões de cópias comercializadas. Vendagens tão expressivas que deram a ele, na década de 1960, a alcunha de Rei do Disco.

As canções que ele escrevia eram para o público. Fez músicas para todos: o taxista, o caminhoneiro, o operário, o agricultor. A vida dele era voltada para o povo

Teixeirinha Filho