Enquanto o grupo liderado pelo deputado federal Vieira da Cunha (camisa azul, à esq.) defende candidatura própria ao governo do estado, o outro, que tem entre seus líderes o secretário estadual do Gabinete dos Prefeitos Afonso Motta, entende ser necessário manter aliança com governo Tarso Genro e lançar candidatura em 2018; daqui a 19 dias será a pré-convenção que definirá o destino do PDT gaúcho em 2014
19 de Novembro de 2013 às 19:25
Samir Oliveira, Sul21 – A 19 dias da pré-convenção que definirá o destino do PDT gaúcho nas eleições de 2014, as alas do partido que apoiam a candidatura própria ao Palácio Piratini e a manutenção da aliança para reeleição do governador Tarso Genro (PT) intensificam movimentos na tentativa de obter o maior número de apoios às suas teses. A pré-convenção ocorre no dia 7 de dezembro e define, através do voto dos pré-convencionais, se o PDT terá candidatura própria ao governo estadual e quem será o nome que representará o partido.
De um lado, as lideranças afinadas com a direção estadual do partido entendem que é preciso concorrer ao governo. De outro lado, dissidentes dos comandos nacional e estadual e secretários que ocupam pastas na administração gaúcha defendem a permanência do PDT na coalizão liderada pelo PT.
Na noite desta segunda-feira (18), os dois grupos realizaram reuniões de mobilização e de definição de estratégias. A ala que defende a manutenção da aliança com o governo estadual se reuniu na Assembleia Legislativa com mais de 100 militantes e 18 prefeitos e divulgou um documento com críticas à tese da candidatura própria. Hoje, o presidente do PDT gaúcho, Romildo Bolzan Júnior, se reúne com um grupo de prefeitos.
De acordo com esse grupo, o partido deve lançar candidatura própria – mas somente em 2018. Eles acreditam que o PDT não possui potencial eleitoral para bancar uma disputa majoritária neste ano. Além disso, questionam a viabilidade de uma política de alianças que possa manter a coerência do partido – já que consideram que, na atual coalizão com PT, PCdoB, PTB, PRB e PR, estão dentro de um mesmo campo político e ideológico.
A estratégia desse grupo consiste na defesa da permanência do partido no Palácio Piratini e, em caso de derrota, na defesa do nome do ex-deputado Aldo Pinto para a disputa interna com Vieira da Cunha para representar o PDT na chapa majoritária.
Por outro lado, o grupo que defende a candidatura própria entende que o PDT saiu fortalecido das eleições de 2012 no Rio Grande do SuL, onde governa cerca de 70 municípios, incluindo os dois mais importantes: Porto Alegre e Caxias do Sul – que apoiam o lançamento de candidatura própria. "O resultado das eleições de 2012 autorizam o PDT a lançar candidato próprio ao governo. Temos 70 prefeituras e 700 vereadores e votações espetaculares nos dois maiores colégios eleitorais", afirma o deputado Vieira da Cunha.
O parlamentar acredita que é necessário lançar candidatura própria "em nome do patrimônio político erguido pelo trabalhismo". "Os defensores do apoio à reeleição do governador Tarso desconhecem a realidade política do estado. Hoje encontramos enorme receptividade por parte de vários partidos políticos ao convite que temos feito para estarem conosco numa competitiva coligação", pontua.
Vieira da Cunha explica que, enquanto pré-candidato ao Piratini, já está dialogando com o PSD, o DEM, o PPS, o PV, o PR, o PRB e o PSB. "Temos hoje perspectivas concretas de formar uma coligação que soma mais de 100 deputados federais, o que vai nos garantir um tempo competitivo de rádio e televisão", prevê.
Também apoiam a tese da candidatura própria o presidente do PDT no Rio Grande do Sul, Romildo Bolzan Júnior, o deputado federal Ênio Bacci, os deputados estaduais Gilmar Sossella, Gerson Burmann e Vinícius Ribeiro, além do ex-governador Alceu Collares.
A tese da manutenção da aliança com o governador Tarso Genro é defendida pelos secretários estaduais do Gabinete dos Prefeitos, Afonso Motta, da Saúde, Ciro Simoni, do Esporte e Lazer, Kalil Sehbe e pelo vice-presidente do Banrisul, Flávio Lammel. Na Assembleia Legislativa, os deputados estaduais Juliana Brizola, Marlon Santos e Décio Franzem apoiam a proposta.
O secretário Ciro Simoni considera que uma candidatura própria não seria viável para o partido nesse momento. Ele ressalva que, apesar de ter estado ao lado de Vieira da Cunha nas últimas eleições e ser seu amigo pessoal, acredita que o PDT não deve lançar candidatura própria por estar isolado em termos de parcerias. "Os meios de comunicação são muito importantes nas eleições, é preciso ter visibilidade. E nós temos um tempo muito restrito de televisão e rádio", explica.
O assunto é discutido desde o início do ano, e Simone garante que sua posição tem sido a mesma, a qual comunicou à direção do partido antes de qualquer manifestação pública. "Estou abrindo meu voto a favor da continuidade do projeto com o PT, que mantemos desde 2011. Aderi à tese de que o melhor é dar um pequeno passo para trás agora para depois dar dois para frente, e em 2018 ter uma candidatura forte", sustenta. O secretário acredita que grande parte do partido tem uma visão semelhante a dele.
Colaborou Débora Fogliatto