Em entrevista coletiva, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, levantou suspeitas de cartel em outros Estados para dividir ônus de denúncias da Siemens. Licitações federais de trens da CBTU e da Trensurb para Belo Horizonte e Porto Alegre já estão sob apuração
14 de Agosto de 2013 às 09:28
247 – Em entrevista coletiva nesta terça, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse que as irregularidades em licitações de trens e metrô não se restringem ao Estado paulista: "Quero também recomendar a meus colegas governadores e ao governo federal, porque não houve cartel só aqui em São Paulo, uma investigação rigorosa em contratos de transporte e energia, para que nenhum ente federativo seja lesado por conluio entre empresas."
As licitações federais de trens para Belo Horizonte e Porto Alegre – citadas por Alckmin – já estão sob apuração do Ministério Público Federal.
Segundo informações da Folha, as cinco empresas investigadas por suposta formação de cartel em São Paulo e Distrito Federal receberam desde 2003 ao menos R$ 401 milhões (valores atualizados) de estatais ferroviárias do governo federal.
A maior recebedora federal é a espanhola CAF: desde 2009 já ganhou R$ 160 milhões e tem R$ 225 milhões a receber, a maior parte para fornecer trens ao metrô de Recife. A Alstom recebe desde 2005 da União: já ganhou R$ 106 milhões e tem mais R$ 200 milhões a receber de um contrato em Porto Alegre. A Siemens recebeu R$ 85 milhões.
Bombardier e Balfour Beuty são as outras empresas que receberam das estatais federais.A CBTU opera em Minas, Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Norte e Paraíba, e a Trensurb, no Rio Grande do Sul. Além dos contratos nas duas estatais, a União repassou R$ 2 bilhões aos Metrôs de Fortaleza e Salvador.
O esquema ilícito foi denunciado pela Siemens e vem sendo investigado pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Documentos fornecidos por executivos da alemã apontam que o governo paulista teve conhecimento e avalizou a formação de um cartel para a licitação da linha 5 do Metrô de São Paulo, em gestões tucanas de 1998 a 2008. Na denúncia, a Siemens aponta que as empresas Alstom (França), Bombardier (Canadá), Mitsui (Japão) e CAF (Espanha) eram as que operavam em cartel no país.