Suspeito de receber mensalão enquanto era deputado na Assembleia Legislativa do Amapá, senador Randolfe Rodrigues (PSol/AP) cogita, em entrevista ao Diário da Manhã, candidatura à Presidência da República, diz que o PT "está fazendo muito do que o PSDB, quando estava no governo, não teve disposição e coragem para fazer" e se defende da acusação: "Tentam [me] igualar àqueles que estão na Ação Penal 470, confirmada pelo STF como corrupção"
2 de Junho de 2013 às 06:46
247 – Um dos destaques da CPI do Cachoeira, o senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP) acabou virando alvo de denúncia depois que o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Amapá Fran Junior apresentou documentos que dão conta de que o ex-governador do Amapá João Capiberibe organizou um mensalão no Amapá (relembre). Em entrevista ao jornal Diário da Manhã, o senador se defende e, cogitando uma candidatura à Presidênca da República, parte para cima do PT.
Confira trechos da entrevista:
Diário da Manhã – O PSOL definiu sua estratégia para as eleições de 2014?
Randolfe Rodrigues – Sim. O PSOL terá candidatura própria para a Presidência da República. É necessário ter um candidato de esquerda para as eleições do ano que vem. Nenhum nome está definido, estamos debatendo nomes dentro do partido. Temos um congresso marcado para dezembro e antes disso nós definiremos qual dos nossos companheiros.
DM – Quais nomes estão em pauta hoje?
Randolfe Rodrigues – Além do meu nome, temos a companheira Luciana Genro e o companheiro Chico Alencar.
DM – Com qual programa o PSOL sai na disputa à presidência da República?
Randolfe Rodrigues – Com um programa de esquerda, com a ousadia e com a coragem para ser de esquerda. Reafirmar o papel estratégico do Estado e da economia. Nós estamos vendo que a lógica de privatização continua, os anteriores privatizaram a Petrobras, as telecomunicações e os atuais privatizam portos e aeroportos. Nós temos que dizer, de fato, qual é a crítica que existe a esse modelo de entrega do que é público ao que é privado. Nós continuamos reféns de uma política econômica que há mais de 20 anos não muda, reféns dos três grandes que mandam neste país, agronegócio, capital financeiro e grandes empreiteiras. Temos que mudar e quebrar esse ciclo. Nós queremos apresentar um programa progressista de esquerda e que tenha coragem de se contrapor à pauta conservadora que está em debate na sociedade brasileira. Existe, hoje, uma ofensiva para reduzir a maioridade penal, para criminalizar o usuário de drogas, como se o criminoso não fosse o traficante de drogas, mas sim o usuário e não há reação e uma proposta realmente de esquerda que se contraponha a isso.
DM – O senhor poderia explicar o que foi aquele episódio onde acusaram o senhor de receber o mensalinho?
Randolfe Rodrigues – Na verdade, essa informação foi veiculada por uma imprensa rotulada pelos setores que tem uma atuação na política que fazem inveja à máxima nazifacista de Goebbels, repetem uma mentira várias vezes até que se torne verdade. Lamentavelmente, alguns setores financiados inclusive, pelo Palácio do Planalto, têm atuado assim. Não aceitam qualquer oposição e principalmente a oposição que surge à esquerda do discurso deles. Aí tentam igualar àqueles que estão na ação penal 470, confirmada pelo STF como corrupção. Então, esses que tentam se encastelar no poder e acham que o poder nunca muda, tem uma rede nas redes sociais, em alguns blogs, que operam na mesma lógica e defendendo o interesses deles. E na história temos exemplos claros disso, era Hitler que contava uma história várias vezes até que ela se tornasse verdade e Stálin que achava que qualquer adversário tinha que ser criminalizado e jogado para Sibéria ou ir para o paredão. Esses que operam da mesma forma, tentam nos jogar no mesmo balaio, uma semana depois da nossa manifestação contra a MP dos Portos. Trata-se de uma denúncia vinda de um chefe de crime organizado no Amapá, de alguém que tem uma declaração de próprio punho dizendo que falsificou o documento. Trata-se de uma matéria que foi arquivada pelo Ministério Público Federal, pelo Procurador Geral da República e este pediu para que o “denunciante” fosse processado por falsidade ideológica. Todos os cidadãos do Amapá conhecem o denunciante e sabem a quais interesses ele serve. Serve aos interesses daqueles que estão sendo denunciados por nós, por crime organizado, tráfico de drogas, corrupção ativa, corrupção passiva e formação de quadrilha. É uma lástima ver os setores do PT se valerem de um traficante para dar razão a uma denúncia que não tem validade nenhuma. No mês que ele disse que eu recebi o mensalão, eu estava indo para a justiça para garantir o pagamento do meu salário, porque eu era um dos únicos deputados de oposição a ele, inclusive eu e minha família estávamos sendo ameaçados de morte naquele período e ele suspendeu o pagamento do meu salário. Eu tenho uma decisão judicial do mês, coloquei a disposição o meu sigilo bancário de todo o período, para esclarecer dúvidas. E há uma ação movida por mim, no Ministério Público Estadual, a partir da denúncia deles. Quando eles fizeram a denúncia, minha primeira ação foi pedir para o Ministério Público Estadual investigar, e nós próximos dias sairá o resultado final que esclarecerá quaisquer dúvidas em relação a isso. E em especial ao povo do Amapá, não existe dúvida sobre isso. O que é na verdade uma ação que tenta transformar a eleição de 2014 em um plebiscito entre a velha direita e a nova direita.
DM – O PT, na verdade, é a nova direita?
Randolfe Rodrigues – Olha, se não é, pelo menos está fazendo muito do que o PSDB, quando estava no governo, não teve disposição e coragem para fazer. O PSDB não teve a competência para privatizar portos, o que eles estão fazendo; atendendo ao agronegócio…
DM – O seu mandato termina quando
Randolfe Rodrigues – O meu mandato termina em 2018.
DM – Então, o senhor é candidato às eleições de 2014?
Randolfe Rodrigues – Eu quero conversar, estou conversando no âmbito do PSOL. Tem uma pressão por parte dos meus companheiros do PSOL para que eu seja candidato, mas eu quero amadurecer um pouco mais para resolver essa questão e também não quero deixar o partido refém de uma decisão minha. Se não for eu, Chico Alencar ou Luciana são companheiros que representarão o partido e esse programa que eu delineei a você.