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Contra Renan, Randolfe cobra coerência do PSDB

Contra Renan, Randolfe cobra coerência do PSDB

Único concorrente do peemedebista no Senado, senador do Psol diz que tucanos, que tanto criticam a submissão do Legislativo, precisam votar em nome independente. PSDB flerta com Renan.

Em sua estreia como o senador mais jovem da República, em 2011, Randolfe Rodrigues (Psol-AP) surpreendeu seus colegas ao subir à tribuna para desafiar o então candidato à reeleição à presidência da Casa, José Sarney (PMDB-AP). Único opositor de Sarney, à época, perdeu a votação. Conquistou oito votos, e a admiração de vários senadores do chamado bloco independente. De lá para cá, o senador amapaense, agora com 40 anos, ganhou projeção como um dos principais críticos dos costumes do Senado. Em discursos em defesa da transparência, da ética e da coerência, o senador do oposicionista Psol não faz concessões ao governo nem à oposição capitaneada pelo PSDB e pelo DEM. Dispara contra todos.

 

Único candidato declarado à presidência da Casa desde ontem (15), Randolfe encarna o papel de anti-Renan. O atual líder do PMDB tem o apoio do governo e dos grandes partidos, mas ainda não anunciou sua candidatura. Renan, que deixou a presidência do Senado pelas portas do fundo em 2007, após uma série de denúncias, tem “defeito de origem”, segundo o líder do Psol. “É a candidatura cabeça de bacalhau. Todo mundo sabe que existe, mas não aparece”. E por que não aparece? “Porque ele tem medo de se expor, por causa das denúncias”, responde.

Desafio aos tucanos

Com a mesma objetividade com que dispara contra Renan – candidato do governo e favoritíssimo para a sucessão de Sarney –, Randolfe também mira a oposição. Cobra coerência dos tucanos, que incorporaram ao seu discurso a crítica à submissão do Legislativo ao Executivo e flertam com a candidatura Renan. “O PSDB fala tanto da submissão do Congresso. Este é um bom momento de o partido se levantar contra a submissão e um candidato do governo e votar em um candidato independente”, desafia o senador do Psol. Além disso, em 2007, o então líder dos tucanos, Arthur Virgílio (PSDB-AM), foi um dos principais defensores da renúncia de Renan.

No encerramento da CPI do Cachoeira, da qual foi um dos integrantes mais ativos, Randolfe denunciou a existência de um grande acordo entre tucanos e peemedebistas para livrar, entre outros, o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), do pedido de indiciamento. Especulou-se, nos bastidores, que, em troca da redução das conclusões da CPI a duas páginas inócuas, estava condicionado a adesão do PSDB a Renan. “Espero que não tenha nada por trás e que ninguém chegue lá, na hora de votar, como eleitor da República velha, com voto de cabresto. Que todos os senadores sejam livres para escolher”, diz Randolfe.

Fé de Davi e biografia

Em entrevista exclusiva ao Congresso em Foco, o senador pelo Amapá reivindica um novo Senado. “O principal desafio do Senado é dar exemplo. ”Defende que a Casa adote uma “agenda do Brasil”, em vez de uma “agenda do Executivo” e total transparência em seus gastos. Cobra, ainda, o fim de privilégios dos parlamentares, como o 14º e o 15º salários e o plano de saúde vitalício, e do apequenamento do Legislativo em suas atribuições.

Mesmo com um discurso que contraria os interesses predominantes no Parlamento, Randolfe diz não jogar a toalha. “Estão dizendo que é uma disputa entre Davi e Golias. Quero lembrar que Davi foi vitorioso na história bíblica. É com mesmo a mesma de fé de Davi que vou caminhar nessa disputa”, declara.

Para ele, em vez de acordos, o que deveria prevalecer na eleição dos presidentes da Câmara e do Senado é a biografia dos candidatos. “Um homem público que preside as duas Casas tem de colocar biografia na frente do currículo, e o currículo na frente do patrimônio”, defende.

Para balizar sua candidatura, Randolfe acolheu um documento redigido pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF) com plano de trabalho. De acordo com o pedetista, o texto deverá ser acatado pelo novo presidente da Casa “independentemente de quem for”. O texto já foi distribuído a 48 senadores.