Cunhado do Prefeito e sobrinho do vice-prefeito estão entre os presos no desvio de R$ 500 mil
Os sete presos preventivamente na operação Dose Dupla II, na manhã de quinta-feira 27/12, em Miraguaí, e outros cinco supostos integrantes do grupo, desviaram R$ 500 mil da prefeitura em pouco menos de um ano e meio – entre 2011 e 2012 -, conforme o Ministério Público do Estado (MP), que dirige a investigação. Os 12 já foram denunciados e são réus por crimes como concessão indevida de auxílio saúde, compra de medicamentos com fraude em licitação, formação de quadrilha e desvio de dinheiro público.
Entre os sete presos preventivamente está o secretário de Planejamento, cunhado do prefeito Alencar Julio Gross e o ex-farmacêutico do município, sobrinho do vice-prefeito Jorge Porolnick dos Santos, o Jorginho. De acordo com o Ministério Público o prefeito e o vice-prefeito não são investigados.
Os promotores descobriram que a prefeitura fazia estoque de remédios para 15 anos, sendo que o prazo de validade é para dois anos. Servidores e familiares dos presos, sem problemas de saúde, cediam nomes para a lista de beneficiados usada para justificar a compra acima da necessidade. O MP está agora investigando o destino dos medicamentos, que não eram usados.
Os presos são os secretários da Fazenda e do Planejamento, dois ex-secretários da Saúde, o procurador jurídico, um servidor da Controladoria e um ex-farmacêutico do Município e dono de uma farmácia. Todos os cargos são ligados ao poder público municipal. Os nomes não foram revelados.
Outras quatro pessoas foram presas em flagrante queimando documentos, totalizando 11 detidos na operação. Uma denúncia levou a Brigada Militar até o local, mas a corporação não chegou a tempo de evitar a destruição. "Foi possível apenas identificar que eram documentos públicos", disse o promotor Heitor Stolf Júnior. "Eles queimavam os papéis logo após as prisões em uma sala (da prefeitura) com churrasqueira onde se trancaram", completou explicando a suspeita de que tentavam se desfazer de provas contra os detidos.
Nove mandados de busca e apreensão também foram cumpridos na Prefeitura, no Posto de Saúde do município e nas residências dos sete presos. As prisões foram solicitadas pelo MP para evitar a coação de testemunhas durante o processo. Os sete presos foram recolhidos ao Presídio Estadual de Três Passos.
A Justiça também determinou liminarmente o afastamento de dois servidores, que ficarão sem receber salários até o trânsito em julgado. As investigações se iniciaram em julho deste ano, quando o MP cumpriu mandados de busca durante a Operação Dose Dupla I.
O prefeito de Miraguaí, Alencar Júlio Gross por meio de sua assessoria disse na manhã de sexta-feira 28/12 que não concederia entrevista. No entanto Gross concedeu entrevista a RBS TV na quinta-feira 27/12 e sua imagem apareceu durante 15 segundos dizendo que vai colaborar com as investigações. “Se ocorrer situação que houve irregularidades a gente vai tomar providencias administrativas no sentido de que os envolvidos possam ser responsabilizados no que ocorreu”, disse o prefeito Gross.
