Quadrilha formada por secretários de Miraguaí desviou R$ 500 mil da prefeitura, sustenta MP
Os sete presos preventivamente na operação Dose Dupla II, na manhã de ontem(27), em Miraguaí, no Norte gaúcho, e outros cinco supostos integrantes do grupo, desviaram R$ 500 mil da prefeitura municipal em pouco menos de um ano e meio – entre 2011 e 2012 -, conforme o Ministério Público do Estado (MP), que dirige a investigação. Os 12 já foram denunciados e são réus por crimes como concessão indevida de auxílio saúde, compra de medicamentos com fraude em licitação, formação de quadrilha e desvio de dinheiro público.
Os promotores descobriram que a prefeitura fazia estoque de remédios para 15 anos, sendo que o prazo de validade é para dois anos. Servidores e familiares dos presos, sem problemas de saúde, cediam nomes para a lista de beneficiados usada para justificar a compra acima da necessidade. O MP está agora investigando o destino dos medicamentos, que não eram usados.
Os presos desta quinta-feira foram o secretários da Fazenda e do Planejamento, dois ex-secretários da Saúde, o procurador jurídico, um servidor da Controladoria e um ex-farmacêutico e dono de uma farmácia. Todos os cargos são ligados ao poder público municipal. Os nomes não foram revelados.
Outras quatro pessoas foram presas em flagrante queimando documentos, totalizando 11 detidos na operação. Uma denúncia levou a Brigada Militar até o local, mas a corporação não chegou a tempo de evitar a destruição. "Foi possível apenas identificar que eram documentos públicos", disse o promotor Heitor Stolf Júnior. "Eles queimavam os papéis logo após as prisões em uma sala (da prefeitura) com churrasqueira onde se trancaram", completou explicando a suspeita de que tentavam se desfazer de provas contra os detidos.
Nove mandados de busca e apreensão também foram cumpridos hoje na Prefeitura, no Posto de Saúde do município com cerca de cinco mil habitantes e nas residências dos sete presos. As prisões foram solicitadas pelo MP para evitar a coação de testemunhas durante o processo.
A Justiça também determinou liminarmente o afastamento de dois servidores, que ficarão sem receber salários até o trânsito em julgado. As investigações se iniciaram em julho deste ano, quando o MP cumpriu mandados de busca durante a Operação Dose Dupla I. O prefeito municipal não é investigado, garantiu o promotor Stolf Júnior.
Rádio Guaiba/planeta fm