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Crescimento projeta PSB para 2014 e gera preocupação no PT

O crescimento meteórico que o PSB vem registrando nas últimas eleições pode cacifar o partido para voos maiores, como uma candidatura própria à Presidência da República em 2014. Mas, ao mesmo tempo que os números colocam os socialistas na vitrine, também deixam atuais aliados em estado de alerta – principalmente o PT, que teme uma erosão no núcleo duro da base aliada do governo federal.

Mas, a julgar pelos dados, pode ser apenas uma questão de tempo até essa erosão atingir o Executivo nacional. Nesta eleição de 2012, PT e PSB racharam em diversas cidades importantes. E onde os socialistas concorreram contra petistas, venceram. Os maiores exemplos disso são três capitais: Belo Horizonte, Recife e Fortaleza. Além de Campinas, terceira maior cidade de São Paulo.

A força do PSB no Nordeste – histórico reduto de votos petistas – se deve à atuação do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que também é presidente nacional do partido. Além disso, os socialistas governam o Ceará, com Cid Gomes, irmão do ex-presidenciável Ciro Gomes.

Campos conseguiu aumentar sua influência na região ao derrotar o PT em Recife e em Fortaleza, cidades que os petistas já governavam. Após 2012, o partido ficará apenas com João Pessoa no Nordeste.

Das cinco capitais conquistadas pelo PSB (Belo Horizonte, Cuiabá, Recife, Fortaleza e Porto Velho), nenhuma foi em aliança com o PT no primeiro turno. Além disso, os socialistas compõem coligações de governos vitoriosos em outras nove capitais – das quais, somente três possuem o PT na cabeça de chapa.

No flanco petista, das quatro capitais conquistadas (São Paulo, Goiânia, João Pessoa e Rio Branco), somente uma não conta com o PSB na coligação vencedora. Além dessas cidades, o PT está presente em alianças vitoriosas em outras quatro capitais – duas, sem o PSB na chapa. Em Porto Alegre, PSB e PT concorreram em lados opostos pela segunda vez consecutiva: os petistas com Adão Villaverde e os socialistas apoiando a candidata Manuela D’Ávila, do PCdoB.

Em números gerais, o PSB foi o partido que mais cresceu nessas eleições: passou de 308 para 440 prefeituras. O PT ficou em segundo lugar, subindo de 544 para 635 prefeituras. Apesar da queda, o PMDB ainda detém o maior número de administrações municipais no país: passou de 1.194 para 1.026.

Cúpula do PT está preocupada com Eduardo Campos

Conforme reportagem do site Congresso em Foco, o crescimento do PSB foi o principal tema de uma reunião nesta terça-feira (30) entre a bancada do PT no Senado e o presidente nacional do partido, Rui Falcão. Na ocasião, os petistas disseram que tiveram que concorrer contra a máquina administrativa de Eduardo Campos.

Eduardo Campos (PSB)

Eduardo Campos usou “máquina administrativa” em eleições no Nordeste, criticam senadores do PT | Foto: Elza Fiúza / ABr

Nesse encontro, o senador José Pimentel (CE) teria se queixado da atuação do governador pernambucano na disputa por Fortaleza. “De uma hora para outra, nossos aliados tradicionais não ficaram com a gente. E eu não falo nem do PMDB. O PCdoB dizia para a gente: no governo federal, temos um tratamento isonômico com outros aliados, mas o Eduardo nos promete mundos e fundos”, desabafou.

O senador Humberto Costa (PE) disse que lutou contra a “máquina de Eduardo Campos” e, também, contra o próprio governo federal, já que o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, que é do PSB, ajudou a eleger o socialista Geraldo Júlio. Além disso, muitos senadores reclamaram da postura da presidente Dilma Rousseff (PT), que evitou subir em palanques onde petistas estivessem contra aliados – exceto em Belo Horizonte e São Paulo.

Aproximação ente PSB e PSDB abre especulações para dobradinha com Aécio Neves

A aproximação entre PSB e PSDB gera especulações sobre uma eventual dobradinha entre o senador tucano Aécio Neves e o governador pernambucano Eduardo Campos para a Presidência da República em 2014. O prefeito eleito de Manaus, Artur Virgílio (PSDB), já declarou publicamente que “sonha” com essa possibilidade, não importando qual dos dois estiver na cabeça de chapa.

Minas Gerais e São Paulo são dois símbolos dessa parceria. Em Minas, o governador Antonio Anastasia (PSDB) se elegeu com apoio do PSB. E na capital Belo Horizonte, o atual prefeito Marcelo Lacerda (PSB) se reelegeu em aliança com os tucanos. Tudo com a benção de Aécio Neves – ex-governador mineiro – e Eduardo Campos. Em São Paulo, o PSB está no governo do tucano Geraldo Alckmin.

“Discussão sobre 2014 deve ficar para o tempo certo”, esquiva-se Eduardo Campos

Em coletiva, Eduardo Campos adotou postura cautelosa: “temos que ajudar a presidente Dilma” | Foto: Valter Campanato/ABr

Governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos concedeu coletiva à imprensa nacional nesta semana em Recife para falar sobre o crescimento do partido. Cauteloso e esquivo, ele evitou qualquer declaração mais contundente sobre qualquer possibilidade de se candidatar à Presidência da República em 2014.

“Precisamos desmontar os palanques e deseleitoralizar o debate político para cuidar do país. A discussão sobre 2014 deve ficar para o tempo certo”, pontuou.

O socialista entende que, nesse momento, é preciso “ajudar a presidente Dilma”. “Agora temos que ajudar a presidente a enfrentar os desafios que estão no horizonte do mundo e do país. Já tem muita gente querendo atrapalhar Dilma, nós temos que ajudá-la”, defendeu.

Curiosamente, no meio da coletiva, Campos recebeu uma ligação da presidente. Ele pediu licença aos jornalistas e prometeu contar como foi a conversa. Após o telefonema, ele disse, ironicamente, que “a presidente mandou um abraço para vocês e me recomendou que adotasse o máximo de discrição possível”.

Apesar de não admitir ter a pretensão de chegar ao Palácio do Planalto em 2014, Eduardo Campos adota um discurso eminentemente nacional. O socialista faz questão de discorrer sobre problemas do país e do mundo, além de estar bem a par das pautas discutidas no Congresso Nacional.

PSB ainda deve permanecer unido ao PT “por algum tempo”, calcula senador João Capiberibe | Foto: Pedro França/Agência Senado

“Há um cansaço com essa polarização entre PT e PSDB”, diz Capiberibe

Terceiro vice-presidente nacional do PSB e senador pelo Amapá, João Capiberibe acredita que o crescimento do partido sinaliza que a população não aposta mais na polarização entre petistas e tucanos. “Há um certo cansaço com essa polarização entre PT e PSDB. O brasileiro não reproduz o comportamento político dos Estados Unidos, onde as pessoas se acostumaram a escolher candidatos de somente dois partidos”, compara.

O senador avalia que os socialistas ainda continuarão “por algum tempo” unidos ao PT. “Estivemos juntos em uma aliança muito sólida com o PT em todas as eleições do Lula e agora com o governo Dilma. Acho que ainda continuará assim por algum tempo”, opina.

Mas, ao mesmo tempo, Capiberibe deixa claro que o PSB “busca mais independência e vai, aos poucos, se diferenciando do PT”. “A tendência é disputarmos espaços com o PT”, reconhece.

“Sempre pertencemos ao mesmo campo, mas passamos (PSB) a criar nossa própria estrutura“, diz Beto Albuquerque sobre relação com PT | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

“Teremos papel decisivo em 2014”, projeta Beto Albuquerque

Segundo vice-presidente nacional do PSB, o deputado federal e secretário de Infraestrutura do Rio Grande do Sul, Beto Albuquerque, avalia que o partido terá um “papel decisivo” nas eleições presidenciais de 2014. “Crescemos sob a liderança do governador Eduardo Campos e teremos um papel decisivo em 2014, podendo ter uma candidatura à Presidência”, admite o socialista, acrescentando, entretanto, que “ainda é muito cedo para tomar decisões”.

Beto considera legítimas as disputas de poder do PSB com o PT e conclui que isso é uma consequência natural do crescimento político do partido. “Sempre pertencemos ao mesmo campo, mas passamos a criar nossa própria estrutura. É um caminho natural e o PSB tem toda legitimidade para exercer protagonismo”, defende.

Sobre a aproximação entre socialistas e tucanos em algumas cidades e governos, o secretário diz que essas coisas “fazem parte da vida”. “O PSB nasceu na esquerda, mas em muitos lugares podemos receber apoios de outras forças políticas. Receber apoio de uma ou outra liderança em determinado momento faz parte da vida. O próprio PT recebeu sem cerimônia o apoio do Maluf em São Paulo”, compara, emendando que “essas coisas não podem ser dogmáticas”.

“Temos que nos ajudar mutuamente”, defende Rollemberg sobre relação com o PT

Integrante da Executiva Nacional do PSB, o senador Rodrigo Rollemberg (DF) coloca panos quentes sobre a relação entre socialistas e petistas. “Ainda possuímos muitas alianças com o PT. Encerradas as eleições, temos que nos ajudar mutuamente”, defende.

Rodrigo Rollemberg: “O partido que mais apoiou o PT em 2012 foi o PSB. O PT apoiou mais o PMDB” | Foto: Pedro França/Agência Senado

Entretanto, o próprio senador reconhece que o PSB tem apoiado mais o PT do que o contrário. “O partido que mais apoiou o PT em 2012 foi o PSB. O PT apoiou mais o PMDB”, informa.

Rollemberg acredita que ainda é cedo para falar sobre candidatura própria em 2014 e repete o discurso de Eduardo Campos: “Estamos prontos para ajudar a presidente Dilma a enfrentar questões de interesse nacional”.