A Polícia Rodoviária Federal (PRF) terá sua primeira greve em 77 anos de corporação. A paralisação dos serviços dos policiais rodoviários foi aprovada nesta segunda-feira (13) em assembleia ocorrida na sede do Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais do Rio Grande do Sul (Sinprf/RS) em Porto Alegre. A entidade reclama do baixo número de segurança nas estradas e da falta de reconhecimento por parte do governo.
As inconformidades com a gerência da corporação pelo governo tangem tanto questões salariais quantos as condições de trabalho. “O número de veículos e a malha viária aumentaram consideravelmente, mas não foram feitos investimentos em contratação de mais policias em infraestutura. Estamos prevendo um colapso da segurança do trânsito para grandes eventos como a Copa e a Olimpíada”, aponta o presidente do Sinprf, Francisco Von Kossel.
A Sinprf apresenta também os desvios de função pelas quais têm passado seus integrantes: a PRF não conta com um servidores administrativos nem mecânicos, o que leva a diminuição de efetivo nas vias, já que os policiais são obrigados a realizarem funções necessárias à corporação diferentes daquelas para as quais foram contratados. O presidente do Sinprf também considera insuficiente a nomeação dos 750 novos policiais rodoviários anunciada na última sexta-feira (10) pelo governo federal, dos quais 80 serviriam nas vias do Rio Grande do Sul. O estado soma 685 policiais rodoviários federais, enquanto o ideal seria um efetivo de 1.576, conforme estudo da Superintendência da PRF.
Há ainda um descontentamento da categoria com o aumento recebido entre 2003 e 2012. Segundo informações do Ministério do Planejamento, a inflação do período foi de 75,3%, enquanto os vencimentos dos policiais subiram apenas 5,55%, bem abaixo não só do aumento dos níveis de preços, como também de outros setores públicos. Um técnico do Banco Central, por exemplo, categoria que também se encontra em greve, recebeu nestes nove anos 90,36% de aumento.
Para protestar contra as dificuldades enfrentadas pelos policiais rodoviários, serão realizadas entre os dias 13 e 17 de agosto as seguintes ações:
– Multa zero: os policiais não deverão preencher autos de infração. Somente orientar e praticar a educação para o trânsito. As multas devem ser preenchidas somente nos casos que independam da ação fiscalizadora do agente. As abordagens só devem acontecer nos casos em que as equipes estiverem com no mínimo três agentes.
– Fiscalização de viaturas: os policiais deverão verificar minuciosamente as condições de segurança, documentos e equipamentos obrigatórios das viaturas em que forem se deslocar, recusando sair nas mesmas caso haja alguma irregularidade. Havendo casos de irregularidades, os agentes deverão cumprir e fazer cumprir o previsto no Código de Transito Brasileiro.
– Entrega coletiva de funções gratificadas: os policias detentores de funções gratificadas, deverão entregar as funções de chefia como forma de apoio ao movimento nacional da categoria.
– Atendimento de acidentes: somente deverão ser atendidos os acidentes com feridos ou mortos. Porém, os Boletins de Acidentes de Trânsito (BATs) não deverão ser encerrados. Os acidentes que não tenham feridos ou mortos não serão atendidos nos locais onde se derem, devendo os interessados serem orientados a se dirigirem aos postos da PRF para confecção de Declaração de Acidente de Trânsito (DAT).