Dois dias depois da tumultuada votação do reajuste de 23,51% para o magistério gaúcho, realizada na terça-feira na Assembleia Legislativa, deputados petistas subiram à tribuna para justificar o fato de não terem discursado em favor do projeto do Executivo durante a sessão plenária.
No início de sua intervenção nesta quinta-feira, a deputada Marisa Formolo (PT) afirmou que pretendia falar sobre o tema no dia da votação, mas não havia condições. “Nossos pronunciamentos não se deram pela impossibilidade de sermos escutados”, alegou, referindo-se às vaias dos professores que lotaram as galerias e interromperam inúmeras vezes as falas dos parlamentares petistas – Valdeci Oliveira e Luis Fernando Schmidt – quando usavam a tribuna para defender a proposta do governo estadual.
De acordo com a deputada, foi aprovado um reajuste salarial para os educadores e funcionários de escola referente apenas ao ano de 2012. “Em dois anos, o governo Tarso (Genro, PT) concedeu mais de 36% de aumento para a categoria. E em quatro anos devemos chegar a, no mínimo, 76,68% de reajuste, sem acabar com o plano de carreira dos professores”, defendeu, afirmando que o Estado estaria servindo de modelo para outras unidades da federação.
Na mesma linha, Raul Pont (PT) afirmou que os argumentos da oposição “não tinham absolutamente nada a ver com o projeto” e que teria ficado calado para não “aumentar o circo” que teria sido armado pelos partidos contrários à proposição, que expunha a Casa “ao ridículo”.
O petista justificou haver falta de racionalidade na discussão estabelecida pelas legendas que contestavam o reajuste. Pont afirmou que os índices de aumento concedidos ao magistério pelos últimos dois governos – Germano Rigotto (PMDB, 2003-2006) e Yeda Crusius (PSDB, 2007-2010) – deixaram a remuneração da categoria muito baixa. “Estamos fazendo nossa parte de forma incomparável com os governos passados.”
A oposição retomou as críticas feitas durante a sessão da terça-feira, especialmente ao fato de o governador não pagar o piso nacional – hoje em R$ 1.451,00 – estabelecido em lei assinada por Tarso quando era ministro da Justiça do governo Lula (PT).
“Se o governador não cumpre a lei, haverá de ter o cidadão o entendimento de cumpri-la”, cutucou Giovani Feltes (PMDB).
Zilá Breitenbach (PSDB) lembrou mais uma vez que quando Tarso assinou a lei e quando se comprometeu com o pagamento do piso durante a campanha, o indexador já era o Fundeb.
Antes de a sessão ser encerrada, Frederico Antunes (PP) também retomou o ataque e afirmou que os deputados da base do governo dizem que o Estado não tem recursos, mas aumenta o número de CCs (cargos em comissão) e o volume de incentivos fiscais.