O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), tem pedido a seus colegas de partido que antecipem o início das convenções partidárias de setembro para março. Segundo integrantes do DEM, a mudança no calendário atenderia a uma pressão do PMDB para que o prefeito se decidisse até março sobre sua mudança para a legenda que integra a base governista da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT).
Inicialmente, as convenções democratas estavam previstas para começarem em março. O atual presidente do partido, o deputado Rodrigo Maia (RJ), postergou para setembro. Para aliados de Kassab, Maia quer se manter mais tempo no cargo e costurar sua reeleição.
O diálogo tem sido mantido entre os dois setores do DEM, no entanto, os ânimos estão alterados. Ansiosos por uma decisão do prefeito, democratas ligados a Maia afirmam tacitamente que não pretendem alterar o calendário das convenções e o acusam internamente de tentar barganhar sua permanência em troca de ter o controle da sigla.
Mais do que isto, líderes do DEM vêm nas movimentações de Kassab a tentativa construir uma base no ex-PFL para sua candidatura ao governo de São Paulo pelo PMDB. Para alguns democratas, o prefeito também estaria buscando fortalecer o DEM em seu Estado e aumentar a influência dos paulistas na direção nacional da legenda.
Certos da migração de Kassab, integrantes do DEM dizem acreditar que a proposta de antecipar as convenções serviria também inibir a cobrança de fidelidade partidária e que lhe exigijam o cargo.
Sem diálogo com o governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e sem perspectivas de nova candidatura na aliança PSDB-DEM, Kassab buscaria no PMDB futuro político no Estado de São Paulo, segundo seus colegas de partido.
O DEM já considera como certa a hipótese de que o prefeito migre para a base governista. Sendo assim, calcula que Kassab leve até cinco deputados com ele para o PMDB. Para evitar uma eventual debandada de parlamentares, o partido pretende cobrar a fidelidade partidária desses parlamentares.