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Folhetos contra Dilma, assinados pela CNBB, são apreendidos em SP

Atendendo determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a Polícia Federal apreendeu na tarde de hoje (17) folhetos produzidos por uma gráfica do bairro Cambuci, em São Paulo (SP). O material, supostamente encomendado pela Diocese de Guarulhos, relaciona a candidata à presidência, Dilma Rousseff (PT), com a defesa da descriminalização do aborto. A busca e apreensão foi determinada em resposta a boletim de ocorrência, lavrado pelo PT no 5º Distrito Policial de São Paulo, e a representação na Justiça Eleitoral. A gráfica chegou a ser cercada por militantes petistas na noite de sábado (16), em um esforço para evitar que o material fosse distribuído antes da decisão do TSE.

Paulo Ogawa, pai de Alexandre Takeshi Ogawa, proprietário da Editora e Gráfica Pana, disse ao site G1 que a Polícia Federal chegou na gráfica por volta das 6h deste domingo, ficando até pouco depois das 15h no local. Ogawa prestou depoimento, mas se diz tranquilo quanto à toda a situação. “Foi uma encomenda feita pela Diocese de Guarulhos. Tem carta deles, tem uma carta do Dom Luiz Gonzaga (bispo de Guarulhos). O mandato de apreensão era específico para esse material da Diocese, então é de total responsabilidade deles”. De acordo com os proprietários, foram impressos 2,1 milhões de folhetos – 100 mil no primeiro turno, 2 milhões para o segundo.

O material é intitulado “Apelo a todos os brasileiros e brasileiras”, e é assinado pela Comissão de Defesa da Vida do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O folheto afirma que o PT assumiu a descriminalização do aborto como “programa de partido”, dispondo-se a permiti-lo até o nono mês de gestação. Trata o 3º Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) como parte de uma “política antinatalista”, promovida por organizações ligadas ao “Imperialismo Demográfico”, e dá destaque ao fato de Lula e Dilma Rousseff terem assinado o decreto que institui o Plano. O folheto não cita o candidato José Serra (PSDB), mas dá a entender que a CNBB é contrária ao voto em Dilma Rousseff. “Recomendamos a todos os cidadãos e cidadãs brasileiros e brasileiras que deem seu voto somente a candidatos ou candidatas e partidos contrários à descriminalização do aborto”, diz o folheto.

A CNBB, por meio de nota oficial divulgada em seu site, negou responsabilidade na impressão ou distribuição de material eleitoral. “O Regional Sul 1 da CNBB desaprova a instrumentalização de suas Declarações e Notas e enfatiza que não patrocina a impressão e a difusão de folhetos a favor ou contra candidatos”, diz a nota. A declaração é assinada nominalmente por Dom Nelsor Westrupp, Presidente do Conselho Episcopal Regional Sul 1, e garante que a CNBB respeita “a decisão livre e autônoma de cada eleitor”. Em reforço, o bispo de Limeira, Dom Vilson Dias Oliveira, nega que a Regional Sul 1 da CNBB seja responsável pelo conteúdo reproduzido no material. Segundo o religioso, o texto foi produzido por uma “comissão”, e a Regional Sul 1 estaria “pagando o pato”.

Já o bispo de Lorena, Dom Benedito dos Santos, defende a divulgação dos panfletos. “Em nota do dia 26 de agosto, a presidência e a comissão representativa dos bispos do Regional Sul 1 da CNBB, em sua reunião ordinária, acolheram e recomendaram a ampla difusão do ‘Apelo a todos os brasileiros e brasileiras’. Assina a nota o presidente do Conselho Episcopal dom Nelson Westrupp. Então, causou a mim estranheza que essa nota tão clara seja agora, de certo modo, considerada como não autêntica”, declara o religioso.

Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, bispo da Diocese de Guarulhos, a quem é atribuída a iniciativa de imprimir o folheto, deu declarações no primeiro turno das eleições, nas quais disse estar orientando padres a dar sermões pedindo aos fiéis que não votassem em Dilma Rousseff. “Desde o Antigo Testamento, temos que é proibido matar. Uma pessoa que defende o aborto não pode ser eleita. Eu tenho obrigação de orientar meus fiéis pelo que está certo e o que está errado”, disse o bispo em julho, durante entrevista ao site G1.

Por Igor Natusch – Sul 21 – www.sul21.com.br

Com informações de G1 e Agência Brasil